«O Agente da U.N.C.L.E.»

Divertido mas sem profundidade, dinâmico mas sem ser inovador. Assim é O Agente da U.N.C.L.E. (2015), que volta a trazer para o grande ecrã a dupla composta pelo agente da CIA Napoleon Solo (Henry Cavill) e o espião do KGB Illya Kuryakin (Armie Hammer). A história passa-se em plena Guerra Fria, na década de 1960, quando os inimigos mortais terão de trabalhar juntos para poder impedir uma organização terrorista que pretende detonar uma bomba atómica. A primeira pista resume-se a Gaby (Alicia Vikander), a filha de um antigo cientista alemão que está desaparecido e poderá ajudá-los a infiltrarem-se na perigosa organização. 

A obra marca o regresso de Guy Ritchie, cujo último filme havia sido Sherlock Holmes: Jogo de Sombras (2011) e o cineasta mostra que está em boa forma, com uma realização muito ágil e imparável, captando com mestria algumas cenas de ação. Todavia, ainda está longe de antigos sucessos, como Sherlock Holmes (2009) e, sobretudo, Snatch – Porcos e Diamantes (2000), que revelavam um aspeto que esta nova obra não alcança: algo de novo. Tal ainda se realça mais num ano profícuo em filmes de espionagem e em que foi lançado Kingsman: Serviços Secretos (2014, crítica aqui), que se destacou pela originalidade.

Alicia Vikander, Armie Hammer e Henry Cavill em O Agente da U.N.C.L.E.. Foto: Out Now.
O argumento de O Agente da U.N.C.L.E. é entusiasta e não deixa o espectador perder-se, mas pode desanimá-lo um pouco com a sua previsibilidade. O tratamento vintage à obra atribui-lhe um encanto a mais à mesma, além de uma fotografia que se une de forma eficaz à narrativa. Destaca-se, ainda, a aprimorada banda-sonora. Quanto ao elenco, Henry Cavill consegue sair-se bem melhor como Solo e quase nos faz esquecer a interpretação insípida de Super-Homem em Homem de Aço (2013), mas acaba por perder alguns pontos quando comparado com Armie Hammer, bem mais expressivo e cativante. Alicia Vikander complementa de forma iridescente o trio principal e rouba algumas cenas. Mas quem brilha mesmo é Hugh Grant, que consegue agarrar o espectador apenas com uma pequena participação. 

O Agente da U.N.C.L.E. tem alguns momentos divertidos mas não surpreende, faltando-lhe, todavia, alguma personalidade. A narrativa esbanja ação, belas paisagens e uma boa química entre o elenco. O entretenimento está garantido mas… será isso suficiente para estarmos perante um bom filme? 

(Crítica originalmente publicada na edição de setembro de 2015 da revista Metropolis)