«A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares»

Deliciosamente peculiar e arrojado, A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares (2016) é um regresso em cheio de Tim Burton. Baseado no best-seller escrito por Ramson Riggs, o filme conta a história de Jake (Asa Butterfield), que descobre uma série de pistas deixadas pelo avô sobre um mistério que envolve diferentes mundos e tempos, levando o jovem a partir à aventura, acabando por descobrir um lugar mágico, A Casa da Senhora Peregrine Para Crianças Peculiares. 

Deambulando pelo gótico e o excêntrico, Tim Burton apresenta uma obra consistente e cheia de personagens apelativos mas que vai perdendo o fôlego com o avançar da história. Recorrendo a vários poderes especiais – saltando-nos logo à mente possíveis semelhanças com os X-Men –, o argumento está construído de uma forma tradicional e peca pela previsibilidade. Não obstante, a banda-sonora e a fotografia são aspetos muito valorosos da obra e elementos essenciais para que tudo resulte.

Imagem de A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares. Foto: 20th Century Fox.
Eva Green é mesmo a Senhora do filme e está maravilhosa num papel pouco desafiante em termos interpretativos mas em que a atriz consegue agarrar cada momento. Samuel L. Jackson é também uma boa adição no papel do vilão com uma vertente mais cómica. Todavia, o grande destaque vai para os jovens atores, sobretudo para Asa Butterfield e Ella Purnell, que conseguem manter uma boa química, mas apenas ela surpreende verdadeiramente. 

A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares é um chamativo filme fantástico, feito à medida para o imaginário de Tim Burton, tão único como inesquecível, sendo este um filme que entra para a sua galeria de melhores obras, afastando-se em toda a linha de empreitadas menos bem-conseguidas como Sombras da Escuridão (2012) e Olhos Grandes (2014, crítica aqui). Apesar de retratar personagens com superpoderes, o filme não se assemelha a nada do que tenhamos visto dos X-Men no grande ecrã – e ainda bem. 

(Crítica originalmente publicada no site da Metropolis e no Sapo)