'Match Point' - O Poder da Sorte

Woody Allen é um actor versátil e um realizador criativo, sempre à procura de novos meios para contar melhor as suas histórias, já que também é um argumentista excepcional. Mas, mais do que tudo isso, consegue (quase) sempre surpreender-nos. Match Point (2005) é um ímpar exemplo disso mesmo.

Não se trata de uma crítica de costumes recheada de momentos de humor sagaz e irónico, como habitual em Allen, mas não deixa de ser uma obra reflexiva e envolvente. Na verdade, é um impactante thriller que usa a metáfora do ténis para mostrar a importância da sorte na vida: quando a bola toca na tela, tudo pode mudar no próximo segundo e o vencedor é decidido. Esta é a tónica da obra, que tem como personagem principal o ambicioso Chris Wilton (Jonathan Rhys-Meyers), um professor de ténis que conhece uma jovem rica e ingénua, Chloe Hewett (Emily Mortimer), que se apaixona perdidamente por ele, apesar de apenas ser usada como um meio para vencer na vida. Até que ele conhece Nola Rice (Scarlett Johansson), uma sedutora aspirante a actriz, que vai fazê-lo perder os seus limites e, quem sabe, a sua sorte…

Scarlett Johansson e Jonathan Rhys Meyers em Match Point. Foto: Out Now.
A obra passa-se em Londres, local perfeito para uma ambiência de sedução, suspense e algum caos dramático. A escolha dos actores é intocável, com uma surpreendente Scarlet Johansson, que rouba a cena e enche o ecrã em cada encontro magnetizante com o protagonista.

Match Point não será um filme típico de Woody Allen, mas é um filme especial e diferente, unindo a genialidade criativa do nova-iorquino com a narrativa policial sobre o poder da sorte que, em última instância, pode definir quem vence e quem é vencido. O cineasta cria um thriller frio e calculista, mas embrenha a obra com a sua marca, plena de momentos cinematográficos que só poderiam ser criados por ele.

(Crítica publicada na revista Metropolis de Setembro de 2013: http://www.cinemametropolis.com).