«José e Pilar»

"Porque tudo pode ser contado de outra maneira"

José Saramago foi um dos nomes maiores da nossa literatura. Mas, além disso, foi um homem como qualquer outro, que ri e chora. E que se apaixona. É o que mostra o documentário José e Pilar (2010), de Miguel Gonçalves Mendes. Mais ainda, fala da vida em geral e do amor em particular.

Não gosto de clichés, mas de facto, por trás de um grande homem, José Saramago, estava uma grande mulher, Pilar del Río. Saramago chegou mesmo a dizer: «Pilar, se eu tivesse morrido aos 63 anos, antes de te conhecer, morreria muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora». Precisamos de alguém que testemunhe a nossa vida, que não a deixe passar em branco. José e Pilar testemunharam-se um ao outro, tornando-se protagonistas de uma deliciosa história de cumplicidade e dedicação mútua.

Imagem de José e Pilar. Foto: lounge.obviousmag.org.
 A narrativa do filme é orientada pela escrita do livro "A viagem do elefante", que Saramago temeu não conseguiu terminar. Mas viria a escrever também outro: "Caim", lançado em 2009 e envolvido em muita polémica.

O documentário resume-se a 125 minutos que compilam quatro anos de filmagens, entre viagens do casal e o dia-a-dia em Lanzarote. Descobre-se um novo Saramago, com um arguto sentido de humor, mas igualmente pleno de humildade.

José e Pilar é para todos os que gostam de Saramago (vão passar a adorá-lo) e para os que não gostam assim muito (vão, certamente, mudar de opinião). E é sempre bom saber que ainda existem amores assim.