«Wolverine» com garras (pouco) afiadas

É o regresso ao cinema de um dos mutantes mais emblemáticos: Wolverine (2013). O objectivo de emendar o desastre do primeiro spin-off, X-Men Origens: Wolverine (2009), foi alcançado, mas ainda falta muito para que um filme faça jus ao verdadeiro potencial da personagem. Wolverine tem como super-poder a capacidade de auto-regenerar-se, tornando-se quase invencível e imortal. Além disso, tem o esqueleto coberto de adamatium, um metal que aumenta ainda mais o poder das suas garras.

Hugh Jackman em Wolverine. Foto: Beyond Hollywood.
Nesta nova obra, passada alguns anos após os acontecimentos de X-Men - O Confronto Final (2006), é mostrado Wolverine (Hugh Jackman) pela primeira vez vulnerável, depois de tantas décadas de existência. O mutante ainda sofre por ter matado Jean Grey (Famke Janssen), decidindo viver isolado. Até que Yashida (Ken Yamamura/Hal Yamanouchi), um antigo militar que Wolverine salvou na 2.ª Guerra Mundial, sugere-lhe que ele troque consigo a sua imortalidade... O herói terá de lutar pela sua própria vida, mas acabará por emergir ainda mais forte do que antes. 

Hugh Jackman é o grande nome do filme, interpretando, mais uma vez, o irascível mutante. E, como sempre, não desilude. Talvez por gostar tanto da personagem e entregar-se à mesma sem rodeios, Jackman consegue incorporar na perfeição Wolverine, sendo, sem dúvida, o actor perfeito para o papel, atribuindo-lhe a perturbação e sofrimento interiores, mas sem o extrapolar verdadeiramente, numa demonstração de controlo emocional. Os restantes actores da obra não desiludem mas também não são especialmente marcantes. O que realmente desaponta é a vilã Viper (Svetlana Khodchenkova), que tem pouca ou nenhuma grandiosidade narrativa.

Hugh Jackman em Wolverine. Foto: Beyond Hollywood.

A realização de James Mangold está à altura do filme de acção frenético, mas com alguns momentos mais intimistas. A ambiência em Wolverine é mais soturna do que a obra que lhe antecedeu, mas o filme falha em algo fundamental: a obra passa-se no Japão e o mais interessante seria mostrar o nómada e apátrida mutante, que não segue regras e só faz o que lhe apetece, num país com uma cultura riquíssima e com tradições tão vincadas. Tal aspecto é apenas meramente abordado ao longo da obra.

Há pouca chama em Wolverine, numa obra demasiado longa para a história parca em dimensão narrativa. O argumento é algo confuso, tornando-se, por vezes, algo entediante. A história dos mutantes X-Men tem muito potencial para uma adaptação cinematográfica, como já antes visto em X-Men: O Início (2011, crítica aqui), faltando encontrar ainda o tom certo para os spin-offs. Apesar de tudo, é um bom filme de acção, com alguns momentos de humor à mistura. E, claro, o que é mesmo imperdível é a cena pós-créditos, habitual nos filmes da Marvel, deixando um aperitivo para X-Men: Os Dias de Um Futuro Esquecido. Wolverine fica, assim, aquém das expectativas, porém, não deixará de encantar os fãs fiéis da história de banda-desenhada.