'O Juiz' - Um Grande Duelo Dramático

Do improvável realizador David Dobkin (mais conhecido por filmes como Em Defesa de Sua Majestade (2003), com Jackie Chan e Owen Wilson, Os Fura-Casamentos (2005) ou Cuidado Com o Que Desejas (2011)), é-nos apresentado o drama O Juiz (2014), com Robert Downey Jr. e Robert Duvall nos principais papéis. Com um argumento assente numa problemática relação entre pai (Joseph Palmer, um prestigiado juiz) e filho (Hank Palmer, um advogado brilhante), a história leva-nos até à terra natal de Hank para o funeral da sua mãe. O reencontro com o pai, com quem a relação sempre foi tão distante quanto possível, acaba por revelar-se ainda mais problemática do que ao início se pensava: Joseph é o principal suspeito do atropelamento e morte de uma pessoa. Hank torna-se então no advogado de defesa do seu pai num processo complexo, tanto a nível judicial como sentimental.

Robert Downey Jr. e Robert Duvall em O Juiz. Foto: Cine.gr.
Longe de estarmos perante um argumento minimamente engenhoso, a história transporta-nos para duas realidades que se interligam de uma forma bastante eficaz: por um lado, as cenas centradas no processo judicial e, por outro, na relação entre pai e filho. Apesar de algum desleixo na criação de um argumento que empolgasse, ele é bastante forte no campo sentimental, dando azo a duas fabulosas interpretações por parte dos dois Roberts - levando a uma merecidíssima nomeação como Melhor Actor Secundário para Duvall.

São, aliás, estes dois grandes trunfos que elevam este filme de um patamar de alguma banalidade até uma obra que merece ser vista, acima de tudo pela química que existiu entre as duas personagens. Mais do que um filme que puxa pelo lado mais sentimentalista do espectador, a nossa atenção prende-se naquela relação - com a qual muita gente facilmente se identificará. Mais despercebidos mas cumprindo bem o seu papel de secundários relevantes para o desenrolar da história temos duas caras bastante conhecidas: Vera Farmiga e Billy Bob Thornton. Mereciam mais destaque mas fizeram por valer as suas participações.

Ao nível estético, O Juiz está bastante distante de ser uma obra particularmente inovadora, mas acaba por ser algo “refrescante” assistir a uma história que tem o seu centro num tribunal sem que sejamos atirados para a clássica formalidade daquele ambiente. Pelo contrário, a exploração da beleza de uma normal sala de audiência juntamente com a dança dos argumentos dos advogados é um dos pontos altos deste filme.