«Ascenção de Júpiter» - Uma Boa Surpresa

Um dos laboriosamente trabalhados planos de Ascenção de Júpiter. Foto: Outnow.CH.

Dos irmãos Andy e Lana Wachowski (responsáveis pelo lendário Matrix), chega-nos neste início de 2015 aquele que deverá ser o primeiro grande blockbuster do ano: Ascenção de Júpiter (2015). Com uma entrada em cena demasiado complicada, resultante de um adiamento da data de estreia e de edições feitas já com o filme praticamente pronto a estrear em salas comerciais, Ascenção de Júpiter não é tão mau como parecia mas também não é genial.

Assente na ficção científica pura e dura a que os Wachowski nos têm habituado, Ascenção de Júpiter conta-nos como, num futuro (não se sabe o quanto) distante, um sucessor ao trono numa família poderosa (interpretado por um camaleónico e bastante distante da sua “imitação” de Stephen Hawking em A Teoria de Tudo (2014, crítica aqui) Eddie Redmayne), a casa de Abrasax, que controla os destinos do universo, pretende acabar com a raça humana residente no planeta Terra. No entanto, os seus intentos esbarram na descoberta de uma legítima sucessora ao trono que seria seu (Mila Kunis).

Se há referência clara que podemos apontar à partida para este Ascenção de Júpiter, ela parece estar bem assente na saga Star Wars. A da primeira trilogia, acrescente-se. De traços simples, a história é-nos apresentada com um sentido de humor cativante e descomprometido. Bastante distante de uma linha argumentativa rígida e à procura de uma qualquer aceitação científica, os Wachowski não escondem a sua opção pelo entretenimento. O que nos leva à segunda referência (voluntária ou não): Os Guardiões da Galáxia (2014, crítica aqui).

A bela Mila Kunis é uma das razões para o quão interessante Ascenção de Júpiter acaba por ser. Foto: Outnow.CH.

Após a aposta no tom sério de Foxcatcher (2014, crítica aqui), Channing Tatum regressa em Ascenção de Júpiter ao registo que mais lhe conhecemos: músculos, músculos e alguma dose de humor. Não fosse uma saudavelmente engraçada Mila Kunis a salvar o filme ao nível dos desempenhos dos seus actores e nem Redmayne salvaria a face, interpretando (por culpa própria ou da Direcção Artística do filme) de forma absurdamente cómica um vilão que não o é.

Tal como o ambiente vivido na primeira trilogia de Star Wars, Ascenção de Júpiter ganha muito pela sua capacidade de agarrar o espectador pelo bom humor, pelas sequências de acção empolgantes e pelas linhas simples da história que nos é contada. No entanto, ao contrário da mítica obra de George Lucas, esta nova incursão dos Wachowski não passará de mais um filme de acção, faltando-lhe vários toques e retoques no argumento que o tornassem em algo de memorável.