«Passageiros»

Muita parra e pouca uva, assim é Passageiros (2016). Com uma história cheia de potencial em mãos, opta-se pela espetacularidade visual e pouco se salva. Uma nave espacial ruma para o outro planeta, numa viagem de 120 anos, mas Jim Preston (Chris Pratt) e Aurora Lane (Jennifer Lawrence) acordam 90 anos antes. Aos poucos, apaixonam-se mas há vários mistérios que envolvem a durabilidade da nave e o verdadeiro motivo para os dois terem acordado. 

Morten Tyldum mostrou um trabalho seguro e competente em O Jogo da Imitação (2014, crítica aqui), mas que pouco se assemelha a este insípido e pouco ousado filme. O motivo para a personagem Aurora acordar está envolto em vários dilemas éticos e morais, que deveria ter sido o verdadeiro foco do filme, resultando em algo muito intimista, como acontece, por exemplo, em Gravidade (2013, crítica aqui). Além disso, muito poderia ser explorado com duas pessoas a vaguear pelo espaço e como essa relação se desenvolveria. Ao invés disso, essas questões são tratadas com pouca profundidade, preferindo-se apostar em mais espalhafato técnico.

Chris Pratt e Jennifer Lawrence em Passageiros. Foto: IMDb.
Jennifer Lawrence é uma das grandes atrizes da sua geração e talento não lhe falta, conseguindo mais uma boa interpretação, apesar de não ser especialmente marcante, devido ao próprio argumento. Chris Pratt é menos carismático, mas não compromete. Os dois conseguem criar uma química aceitável, acompanhados por uma performance pertinente de Michael Sheen.

Passageiros tem no seu primeiro ato algo mais pungente e interessante, mas vai perdendo fôlego, tornando-se numa viagem insossa pelo Espaço, desperdiçando história e atores, apesar de cumprir em quesitos como a banda-sonora, fotografia ou efeitos especiais. Esperava-se mais, muito mais. 

(Crítica originalmente publicada na Metropolis)