«A Saga Twilight: Amanhecer Parte 2»

Chegam ao cinema as últimas aventuras dos Cullen e companhia, mais uma vez sem deixar muitas saudades. Desta vez, os vampiros bonzinhos lutam por salvar Renesmee, a filha meio-imortal dos protagonistas, perante a ameaça dos “terríveis” Volturi. Pela primeira vez na saga, deixa-se definitivamente de parte o sofrível triângulo amoroso, que nunca teve muitas pernas para andar. Por outro lado, assistimos ao amanhecer de uma nova Bella, agora vampira (interpretada também por uma nova Kristen Stewart), a quem parece que a imortalidade assenta bem, agora que conseguiu o que tanto apregoou ao longo da saga. A actriz é, de facto, uma das poucas que se destacam no marasmo de actuação do elenco (exceptuando Michael Sheen, que torna Aro uma carismática personagem, apesar da fraquíssima complexidade do vampiro “muito mau”). Bella é agora bela, enérgica, vigorosa e uma implacável mãe, passando a ser uma verdadeira mais-valia.

Kristen Stewart como Bella, já vampira. Foto: Beyond Hollywood.

Uma das maiores falhas da saga Twilight é o carácter demasiado benigno das suas personagens, sobretudo nos seus vilões, o que também acontece neste filme. Os Volturi não conseguem amedrontar nem uma mosca, defraudando por completo os mitos vampíricos da história do Cinema. A guerra “épica”(?) é pouco ou nada grandiosa, mas acaba por ser uma surpreendente reviravolta na história para o espectador. Aliás, o que sempre se passou em Twilight foi esta inexorável superficialidade, na qual os temas potencialmente dramáticos são retratados em bicos de pés, sem qualquer profundidade, como a estranha relação de Jacob e Renesmee ou a nova complexidade interior de Bella na sua nova pele. Não se entende, de facto, a necessidade cinematográfica da divisão do último livro de Stephenie Meyer em dois filmes, além das óbvias razões económicas.

A parca criatividade de Bill Condon juntamente com a fraqueza de argumento é uma mistura difícil e desleixada, onde nem os efeitos visuais ajudam, sendo que a estranheza da fisionomia da bebé Renesmee, por exemplo, era algo perfeitamente evitável. Há ainda uma falha completa nas tão faladas cenas de sexo entre Bella e Edward, parecendo que a libido infindável dos vampiros adormeceu eternamente.

Robert Pattinson e Kristen Stewart em A Saga Twilight: Amanhecer Parte 2. Foto: Beyond Hollywood.

Realce para a bela banda sonora de Carter Burwell, os genérico e créditos trabalhados e que até se tornam interessantes. A Saga Twilight: Amanhecer Parte 2 (2012) apenas se salva um pouco porque procede a um desastroso filme, supérfluo e sem alma. O último filme da saga Twilight está na linha dos anteriores, mas acaba por ser provavelmente o melhor, mostrando mais chama, acção e interesse narrativo, além da contribuição de uma verdadeira protagonista, que vira todas as atenções para si própria. Este episódio final da saga (pouco) vampiresca será decerto de agrado para os fãs, revivendo alguns momentos-chave da história de amor dos protagonistas, mas não acrescenta nada ao Cinema, tal como os anteriores.

(Crítica publicada na revista Metropolis de Dezembro de 2012: http://www.cinemametropolis.com).