«Twilight Portrait»

Twilight Portrait (2011), de Angelina Nikonova
Antes da projecção do filme, a realizadora havia preparado os espectadores que seriam levados “para um local completamente diferente”. E não podia estar mais certa. Twilight Portrait é uma história chocante e inesperada, um retrato assustador de um crepúsculo amargo, mas com um travo de perdão algo doce e tocante. Marina (Olga Dykhovichnaya), uma assistente social e psicóloga infantil, é uma mulher que aos olhos dos outros tem tudo para ser feliz, mas talvez não seja… Entretanto, numa Rússia amargurada e gélida, assistimos à “rotina” de três polícias, que encontram e violam mulheres incautas na rua. Marina foi uma delas, mas acaba por reencontrar um dos seus violadores. Contudo, em vez de uma vingança mais agressiva como talvez se esperasse, Marina acaba por feri-lo, sim, mas com carinho e amor, transformando uma relação morta ainda antes de ter começado.

Olga Dykhovichnaya em Twilight Portrait. Foto: Cinemagia. 

A fita, que venceu o prémio de Melhor Filme do Lisbon & Estoril Film Festival em 2011, é arrojada, sombria e mostra um leque de emoções e cenários decadentes, onde a falta de comunicação impera, levando a caminhos infelizes. Chegamos depois a “um final com mais esperança e inspirador que poderíamos ter para história”, como disse a realizadora. Angelina Nikonova também referiu que o filme fala da “falta de comunicação entre os moscovitas”, apesar de ter tentado “contar uma história que se pudesse passar em qualquer local do mundo”. E assim, com uma história dramática e redentora e um final surpreendente, Twilight Portrait mostra como o cinema russo está de boa saúde e recomenda-se.