'A Teoria de Tudo'

Um biopic simples e pouco ambicioso, mas com alguma magia e poesia, A Teoria de Tudo (2014) é uma viagem no tempo que emociona e cativa. A obra retrata a história de Jane (Felicity Jones) e Stephen Hawking (Eddie Redmayne), numa relação que pôs à prova vários limites. Hawking é um famoso e brilhante cosmólogo que sofre de esclerose lateral amiotrófica, que foi degenerando as suas aptidões físicas, apesar de as capacidades mentais se manterem intactas. Ora, no filme conhecemos o casal ainda antes da descoberta da doença abalar as suas vidas e a forma como ambos lidaram com a mesma.

Felicity Jones e Eddie Redmayne em A Teoria de Tudo Foto: Out Now.
Numa ambiência de quase tele-filme, em que a narrativa é linear e quase sensaborona, há, todavia, momentos que se destacam. A realização de James Marsh acaba por revelar-se sensível e atenta, exaltando o melhor que o filme tem: os actores. Os dois protagonistas foram um par efervescente e dinâmico, essenciais para o desenvolvimento da obra, espoletando expressividade e dramatismo. São eles os principais responsáveis por o espectador continuar a querer ficar atento à obra. Felicity Jones brilha em toda a sua plenitude, mas Redmayne acaba por prender-nos a atenção, com uma actuação pungente e magistral, sobretudo em toda a emoção que consegue transmitir apenas pelo olhar - numa fase em que a sua personagem já não consegue falar. Marsh consegue igualmente retratar de forma exímia a evolução degenerativa de Hawking, numa parceria profícua. A banda-sonora revela-se também um excelente complemento à obra, que pode revelar-se um pouco mais longa do que o desejável.

Eddie Redmayne em A Teoria de Tudo. Foto: Out Now.

A Teoria de Tudo é uma história poderosa, que deveria ser contada - mas talvez de outra forma, mais entusiasmante, aproveitando todos os recursos que o Cinema oferece. Não obstante, é magnetizante assistir a uma história de amor tocante e corajosa, que decerto não deixará ninguém indiferente. Viajando no tempo e pelas estrelas que Hawking tanto admira e dedica tanto do seu tempo, encontramos, porém, uma poesia envolvente, que preenche a obra de alguma beleza.