«Garden State», um indie inesquecível

Um filme único, que prova que o cinema independente tem verdadeiras pérolas. Garden State (2004) é fruto do trabalho multi-facetado de Zach Braff, um verdadeiro faz-tudo, que foi realizador, argumentista e protagonista da obra. Além disso, foi também um dos responsáveis pela escolha da banda sonora, que se revela como um dos aspectos mais positivos e memoráveis da obra. A música constitui uma combinação harmoniosa com a trama, mas não é só um adereço artístico, enriquecendo e contribuindo para o desenvolvimento da narrativa.

Zach Braff em Garden State. Foto: Out Now.

Mas comecemos pela história de Garden State. Andrew Largeman (Zach Braff) é um jovem actor, com um sucesso intermitente e titubeante que regressa à sua terra natal, muitos anos depois, para o funeral da sua mãe. Perdido em si mesmo, acabamos por descobrir ao longo da história as razões para o afastamento das suas raízes. Pelo caminho, encontra ainda Sam (Natalie Portman), uma jovem que não consegue parar de mentir e com muitas particularidades. O resto de Garden State não se pode contar nesta crítica, mas apenas desfrutar no decorrer do filme. Contudo, pode dizer-se que este é envolvente e mágico, cativando sempre o espectador, até ao último instante. Com alguns momentos duros e dramáticos, a obra é também docemente divertida, uma “quase” comédia romântica, que foge a léguas das características típicas de uma história de amor no Cinema, fazendo lembrar, de certa forma, o fantástico Guia para um Final Feliz (2012, crítica aqui).

Zach Braff e Natalie Portman em Garden State. Foto: natalieportman.com.

A realização não será um dos factores mais valorativos de Garden State, não obstante, há rasgos criativos e bem encaixados na riqueza do argumento. Quanto ao elenco, o protagonismo é dividido entre Zach Braff e Natalie Portman, a verdadeira alma do filme. A actriz rouba todas as cenas em que entra, mostrando já uma dimensão dramática digna de nota. Já em Garden State, Natalie Portman mostra um pouco da sua versatilidade expressiva, que viria a revelar-se em pleno em Cisne Negro (2010). É curioso se pensarmos que Zach Braff sempre pensou na actriz para o papel, mas achava que ela não aceitaria interpretar a personagem. Relativamente ao protagonista, Zach Braff, este participa em todas as cenas e também está muito bem, captando as indecisões e inseguranças da personagem, o que também seria de esperar, já que a própria concepção da história é da autoria de Braff.

Garden State é tocante, entusiasmante e profundamente envolvente, tornando-se único e e inesquecível, sendo absolutamente imperdível. 

Natalie Portman em Garden State. Foto: natalieportman.com.