«Num Outro Tom» - Música com o Tom Certo

Ao contrário do que um primeiro e rápido relance sobre do que se trata este Num Outro Tom (2013), de John Carney, não estamos perante um musical, nem uma comédia romântica, nem um filme altamente lamechas. Estamos perante uma boa história e uma excelente peça final, que muito deve à principal música do filme (“Lost Stars”, nomeada ao Óscar de Melhor Canção Original) e às prestações de Keira Knightley e Mark Ruffalo.

Keira Knightley, Mark Ruffalo e restante banda num dos momentos altos de Num Outro Tom. Foto: Outnow.ch.
Num Outro Tom conta-nos a história de um produtor musical (Ruffalo) algo frustrado e que se encontra numa espécie de “beco sem saída” na sua carreira. Numa noite, num bar (porque, apesar de cliché, a lenda conta que ainda é assim que a “magia” da música acontece), depara-se com uma cantautora (Knightley) que lhe prende a atenção de imediato. Se, com este ponto de partida, tudo parece encaminhar-se para uma história romântica com lindas canções, esqueça. O caminho é outro, mais interessante, alegre e… no tom certo.

Sem ser extraordinária, a história contada em Num Outro Tom leva-nos por uma Nova Iorque musicalmente mágica, percorrendo sítios que, aqui e ao contrário de outros filmes, nos transportam para uma realidade por vezes distante da “Big Apple”. Este é, aliás, um dos pontos fortes do filme, contrapondo com uma opção estética colorida e visualmente eficaz mas pouco inventiva. Mais do que um grande trabalho de fotografia, há aqui uma excelente prestação na cenografia e na direcção artística.

Em resumo, estamos perante um bom filme, que cumpre bem o que promete, não desiludindo ao ir por caminhos já mais do que recalcados e, hoje em dia, muito pouco interessantes. Apesar de um argumento pouco inventivo e algo linear, somos levados para o centro de uma história sobre música que nos aproxima daquelas personagens e dos momentos que elas vivem. E se o Cinema tem de ser alguma coisa é este transporte mágico para realidades que nos apaixonam.