«Big Hero 6 - Os Novos Heróis»

Pouco original e criativo, Big Hero 6 – Os Novos Heróis (2014) não tem muitos super-poderes… O filme de animação da Disney baseia-se numa série de banda-desenhada da Marvel, que tem Hiro Hamada como protagonista. Trata-se de um jovem de 14 anos que é um verdadeiro génio da robótica, mas algo perdido e imaturo. Contudo, pode contar com a ajuda do seu irmão, Tadashi, que lhe mostra que pode usar os seus conhecimentos da robótica de outra forma, que não apenas em lutas de robôs. Um dia, tudo muda na vida de Hiro quando acontecem estranhos eventos na cidade de San Fransokyo. A partir daí, ele forma uma equipa de inesperados super-heróis: o robô Baymax, a amante de velocidade Go Go Tomago, o zen Wasabi, a doce Honey Lemon e o descontraído Fred. Juntos, irão tentar resolver o mistério que assola a cidade.

Imagem de Big Hero 6 - Os Novos Heróis. Foto: Out Now.

O grande trunfo da obra é a sua globalidade visual. A cidade em que se passa o filme mistura reminiscências das arquitecturas japonesa e norte-americana, resultando numa amálgama curiosa e magnificente. A obra é muito detalhista, mas não podemos dizer que ganhe com o 3D, tornando-se um mero acessório, que em pouco contribui para o engrandecimento do filme.

A maior falha reside mesmo no argumento, que é limitado, pouco chamativo e previsível – mesmo quando o público-alvo são as crianças. Aliás, o filme está decididamente dedicado aos mais novos, sendo que talvez seja difícil que os adultos achem muita piada a este grupo de heróis que demora a conquistar carisma. Todavia, uma das personagens já prendeu a atenção: Baymax, um robô simpático e amável, que rende as melhores cenas. É ele que torna este filme em algo encantador, contribuindo para aliviar o clima dramático que vai pontuando em alguns momentos. Assim, a relação entre Hiro e Baymax é o que suporta a obra e o que acaba por salvá-la do marasmo total, numa parceria carismática e sensível.

Imagem de Big Hero 6 - Os Novos Heróis. Foto: Out Now.

Big Hero 6 – Os Novos Heróis é da Disney, mas tal não é muito visível, com a obra a fugir a alguns dos estereótipos recorrentes do estúdio, sem escapar, porém, aos clichés habituais dos filmes de animação. De realçar, contudo, um aspecto: é incentivado o estudo, o desenvolvimento das capacidades intelectuais, o que é sempre uma boa mensagem quando se trata deste tipo de filmes. A obra não é uma tentativa perdida, tendo momentos divertidos, sequências de acção aprimoradas e uma narrativa fluida, contando com personagens com potencial, embora pouco aproveitado. Ficamos à espera das próximas aventuras, que decerto se seguirão.

(Crítica originalmente publicada na revista Metropolis de Janeiro de 2015).