«Uma Vida Melhor», a luta inexorável contra a crise

Uma pintura austera de Cédric Kahn da realidade actual, onde os sonhos por uma vida melhor nem sempre levam aos melhores desfechos. O cozinheiro Yann (Guillaume Canet) e a empregada de mesa Nadia (Leïla Bekhti) apaixonam-se e decidem investir tudo o que têm – e o que não têm – num restaurante. Mas nada corre como o planeado e, no final de contas, terão de provar a si próprios se conseguirão resistir aos obstáculos e manter-se como uma família, juntamente com o pequeno filho de 9 anos de Nadia. E apesar de todas as dificuldades financeiras, este será mesmo o seu maior desafio: voltar a unir os cacos de uma família desfeita.

Leïla Bekhti e Guillaume Caunet em Uma Vida Melhor. Foto: Kinobank.org
Uma Vida Melhor (2011) mostra um casal engolido pela crise, tal como tantos outros, num retrato doloroso da inevitabilidade das dificuldades que passam os que têm muitos sonhos e vontade, mas poucas condições de lá chegar. A narrativa cativa, a interpretação dos actores ainda mais, enchendo a fita de sentimentos amargurados mas plenos de amor mútuo. Leïla Bekhti volta a ter um desempenho pejado de riqueza dramática, após A Fonte das Mulheres (2011), de Radu Mihaileanu.

O filme foi distinguido com o Prémio Cineuropa e o Prémio Especial do Júri no Lisbon Estoril Film Festival 2011, atribuído por João Benard da Costa.