«La La Land: Melodia de Amor»

Feito por um sonhador para todos os sonhadores, La La Land: Melodia de Amor (2016) é uma explosão de cores, música e momentos arrebatadores. Damien Chazelle não procura recuperar o musical ou reinventá-lo mas, sobretudo, pretende homenageá-lo nas suas várias vertentes, atribuindo-lhe um ar contemporâneo mas não menos mágico. A história, na sua essência, é simples e pouco ambiciosa, é certo, mas funciona pela forma como é contada. Assim, ficamos a conhecer Sebastian (Ryan Gosling), um pianista jazz à antiga que procura abrir o seu próprio espaço para que o jazz corra puro e sem amarras, e Mia (Emma Stone), uma jovem aspirante a atriz que luta o quanto pode para que alguém a veja no meio da multidão. 

Se havia alguma dúvida de que Damien Chazelle era dono de um grande talento após o intenso Whiplash – Nos Limites (2014, crítica aqui), La La Land: Melodia de Amor anula quaisquer reticências acerca do jovem cineasta norte-americano. Como às tantas diz Mia, “as pessoas adoram aquilo que as outras pessoas adoram”, e parece que foi assim que Chazelle nos apanhou na curva, já que nota-se claramente o quanto o cineasta é um fervoroso fã do musical e do jazz, cativando-nos inevitavelmente. No entanto, e como se trata de um musical, o filme resulta de um trabalho multidisciplinar, que vai acertando em vários aspetos: banda-sonora esplendorosa de Justin Hurwitz, que nos cativa à primeira batida, edição cheia de ritmo de Tom Cross e uma Fotografia onírica e inspirada de Linus Sandgren.

Ryan Gosling e Emma Stone em La La Land: Melodia de Amor. Foto: WallpaperSite.
Todavia, nada disto resultaria se os protagonistas também não conquistassem. Emma Stone e Ryan Gosling já haviam trabalhado juntos e, em La La Land: Melodia de Amor, a sua química volta a provar ser inatacável. Stone é absolutamente radiosa e Gosling mostra que tem timing afinado para a comédia, como já o havia feito, aliás, em Bons Rapazes (2016, crítica aqui). Os dois atores não são dançarinos ou cantores profissionais, o que dá um ar mais prosaico ao filme e não atrapalha o resultado final. 

La La Land: Melodia de Amor é um musical dos tempos modernos, num pot-pourri de referências cinematográficas mas que também cria novos momentos cheios de impacto – a abertura do filme é só um dos exemplos, marcando o ritmo desde o início para o resto da obra. Doce e amargo, o filme explora a dimensão do sonho e o confronto duro com a realidade, numa história que poder-se-ia passar noutro sítio qualquer, noutra época qualquer, com outros sonhadores. Com as emoções à flor da pele e música contagiante como pano de fundo, La La Land: Melodia de Amor é um triunfo.

(Crítica originalmente publicada no site da Metropolis)